segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Tempestades


Acordei e tudo já não era mais o mesmo as paredes limpas, o café frio, o jornal de ontem, a cama desarrumada como a vida que agora eu viva. Tornei-me apenas um espectro de uma vida. Abrir os olhos era como uma porta aberta para o que eu não queria ver e caminhar era como um peso.
Passei pelos corredores ate a varanda onde me pus a observar um novo dia. O sol batia em meu corpo como se me fizesse um carinho tímido, tudo tinha um novo sabor e eu precisava sentir o agridoce da vida. Eu tinha cicatrizes e elas me fortaleciam, me ensinavam.... Não podia parar, mesmo que não pudesse andar iria rastejar até conseguir voar.
Coloquei um sorriso em meu rosto mesmo com toda dor em meu coração. Abaixei minha cabeça e pedi força para continuar. A chuva então começou a cair. Ao olhar para cima vi dois pássaros juntos protegendo um ao outro da chuva, eles não podiam fugir dela mais juntos poderiam dar forças um ao outro. Senti então uma mão segurando a minha, uma lágrima escorreu pelo meu rosto se misturando a água da chuva e eu sabia.
- Desculpa, fica aqui comigo.
- Na verdade nunca fui embora.
- Nem eu.
- Agora eu sei.
Não importa quantas tempestades venham, quantas lágrimas caiam, quantas dores machuquem, quantas vidas passem o que é verdadeiro fica.